Iluminação Cênica: a verdade sobre o designer

Ser-Luz e Profissional em Iluminação Cênica, algo que irá te chocar, ainda mais se você estiver entre os profissionais que são mais conservadores e não se atualizam na Carreira.

 

Design não é desenho, e se você utiliza a nomenclatura designer, saiba que se traduzido ao pé da letra, seria algo como “projetista”, portanto: te ensinaram errado.

 

Caso você utilize o termo em inglês (achando que é chique) “Lighting Designer” está ok, correto, mas se você usa “Light Design“, você está muito equivocado.

Explico na sequência, com bases históricas, e mais uma gentileza: antes de criticar peço para que leia e entenda o que te ensinaram erroneamente.

Sei que este poste pode chocar aos mais convencionais ao uso do termo que, em algum momento da história da Iluminação Cênica no Brasil alguém fez uma alusão a palavra designer e a traduziu como desenho.

Pesquisando e lendo sobre artes plásticas e visuais, me deparei com uma informação que já criou muita confusão entre seus usuários, a palavra designer.

Então, tomo a liberdade de escrever e dividir o que aprendi no livro (traduzido do francês) “A pintura: textos essenciais” no “volume 9 – O desenho e a cor” .

 

Entenda de onde veio o termo “design”

Podemos dizer que surge da palavra “desígnio”; até no século XVI diziam que os artistas eram “designados por Deus” na Terra, para expressarem sua pintura e sua arte.
 
Devido a isso o italiano Giorgio Vasari (1511-1574) estabeleceu algo mais normativo para explicar melhor, e consta uma definição que acho muito interessante para isso:

“todas as artes visuais – arquitetura, escultura, pintura – procedem do desenho.”
 
Aqui Vasari joga um duplo sentido na palavra disegno (desenho em italiano), que significa ao mesmo tempo concepção e contorno, o projeto e a execução do traçado. 

Até o século XVII os franceses expressavam a palavra dessein (desígnio), que expressava ao mesmo tempo o desenho e a idéia, ou o projeto formado no espírito (que é designado por Deus); atualmente os franceses destiguem dessin (desenho) e dessein (projeto) .
 
Vamos analisar a informação americanizando a palavra, então teremos: draw (desenho) e designer (projeto), o que nós iluminadores fazemos para composição harmônica entre cores, ângulos, incidência de luz nos objetos cênicos, e isso seria um desenho ou um projeto de luz?


Outras belas palavras de Vasari, do ano de 1568, de seu tratado “O primado do desenho”:

“Quer se trate do corpo humano, dos animais, das plantas, dos edifícios das escultura ou da pintura, percebe-se a relação que o todo tem com as partes, que as partes se mantêm entre si e o conjunto.
Dessa percepção nasce um conceito, um juízo que se forma na mente, e cuja expressão manual denomina-se desenho. Pode-se então concluir que esse desenho não é senão a expressão e a manifestação que existe na alma ou que foi mentalmente imaginado por outros e elaborado numa ideia”  (página 20).
 
Abaixo uma das pinturas de Vasari que mais gosto, no estilo “Maneirismo”:
 
Iluminação Cênica Alessandro Azuos
Giorgio Vasari – St Luke Painting the Virgin
 
Então estou aqui pensando ainda, que nosso trabalho não se limita somente no desenho.
 
Mas também no projeto de luz, são duas variantes que caminham juntas, e torna-se quase impossível separá-las.
 
Bem pelo meu ponto de vista é claro, mas respeito a opinião de todos meus amigos de profissão.
 

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