Iluminação Cênica: Phantasmagorie - parte 2/3

Iluminação Cênica e o Pré-cinema – o período Phantasmagorie – parte 2/3
“Iluminação Cênica e o Pré-cinema” é uma trilogia especial para o Halloween que reescrevo de meu antigo blog.

Nessa trilogia comento sobre a importância da Iluminação Cênica e outras artes visuais responsáveis pelo cinema de terror que temos hoje em dia, divirta-se.

 

O período “Phantasmagorie”

Continuando nosso papo sobre aparições de fantasmas, mas desta vez através da “Lanterna Mágica”, mais propriamente com as sessões de exibição chamadas de “Phantasmagorie”.

Como tenho como proposta em meu blog à pesquisa, todas as imagens estão “linkadas”, basta clicar sobre elas e será levado ao site de origem da imagem.

A idéia inicial da “Lanterna mágica” foi baseado num invento de Leonardo Da Vinci,  chamado de  “Câmara escura”, vejam o esquema abaixo seu funcionamento:
Iluminação Cênica Haloween
Câmara Escura – link na imagem

Essa foi uma grande contribuição de Da Vinci ao cinema, pois, a partir desse equipamento começou o questionamento sobre novos aparelhos óticos, sendo o advento da fotografia.

Já a lanterna mágica era o contrário da Câmara escura, foi criada pelo padre alemão Athanasius Kirchner, no qual numa caixa ciíndrica iluminada a vela, projetava imagens que eram desenhadas numa lâmina de vidro (mesmo processo do nosso atual 35mm com materiais diferentes).

 
Iluminação Cênica Haloween
Imagens em movimento – link na imagem
Um curiosidade, antes de Athanasius Kirchner assumir o posto de criação, existem alguns registros:
  • o físico e matemático árabe Alhazen (965-1040 dC), que foi considerado o pai da ótica moderna, já havia alguns estudos sobre uma “câmara escura”.
  • Christian Huyghens (1650), já havia desenvolvido um aparelho parecido que nomeou de “Lantern of fright”, ou seja, “Lanterna do susto” devido a projetar imagens assustadores, que pareciam aparições fantasmagóricas.

A ótica da “Lanterna Mágica” é muito parecida com nossos aparelhos no teatro, ao fundo um espelho côncavo que reflete a luz, a princípio da vela e lamparinas, em seguida envia os raios  de luz para uma abertura que passava pela lente, gerando uma projeção ampliada na parede (podemos considerar também um ancestral do nosso projetor de slides atual).

Essa luz em 1780 foi trocada pela “Lâmpada de Argand”, em 1820 “Lâmpadas a gás” e em 1850 a lâmpadas de arco de carbono melhoraram muito essa luminosidade; para o efeito “Pepper’s Ghost”, utilizavam as lâmpadas de arco também. Como disse que esse post seria uma homenagem ao meu Halloween de 2016 e meu novo blog no site, agora entro no assunto que quero: as sessões de “Phantasmogoria”.

 

Iluminação Cênica Haloween
Lanterna mágica – Criada pelo alemão Athanasius Kirchner – fonte de luz através de lâmpada Argand
Na sequência 2 vídeos que exemplificam a Lanterna Mágica:
 
 
 
 
 
O avanço da Lanterna Mágica 
Na segunda metade do século 18, houve uma obsessão pelo bizarro e sobrenatural, um charlatão chamado Paul Philidor se passou por um feiticeiro, em Viena, e usou o truque de aparição com a Lanterna Mágica, desmentido o povo ficou perplexo, pois realmente acreditavam que poderiam ser visões e aparições de fantasmas.
 
Etiene Gaspar Robertson, foi um inventor belga e fascinado pela mágica, em 1780, começou a estudar e criar com a “Lanterna Mágica” dentro do estilo de “Phantasmagorie”.
 
Esse período é um pré-cinema, usavam projetores com imagens do diabo, espíritos, caveiras; utilizava como projeção uma tela feita de gaze, causando a impressão que “espíritos flutuavam”.
 
Iluminação Cênica Haloween
Demonstração “Phantasmagorie” de Etienne Gaspard Robertson em 1978 – link na imagem sobre a fonte

Conta a história que em seu primeiro show em “Phantasmagorie”, chamou espíritos de seus parentes mortos, e assim o fez: numa projeção em que primeiro apareceria um diabo com uma faca, em seguida fotos do parentes mortos.

Produziu um outro show mais escandaloso, passando a chamar sua “Lanterna Mágica” de “Fantasmacópio”.

Iluminação Cênica Haloween
Sessão de “aparição de fantasmas” – link na foto

Mudou-se para um teatro maior, e teve a possibilidade de criar mais imagens, com slides movidos mecanicamente por toda a sala escura; dessa sua última apresentação, existem duas peças de vidro que se encontram no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris.

 

Iluminação Cênica Haloween
Sessão de “aparição de fantasmas” – link na foto

Aproveitando a sensibilização dos franceses depois da Revolução Francesa, criou um espetáculo numa cripta abandonada no convento de Capuchinhos, local que criou um show que poderíamos chamar hoje de “multimídia”.

Chegou a exibir um céu cheio de relâmpagos com esqueletos se aproximando e se afastando do público, e com auxílio dos assistentes provocavam sons, vozes, fazendo com que o espectador esquecesse que estava num ambiente de ilusão, e dizia:

Iluminação Cênica Haloween
 
“Só estou satisfeito se meus espectadores, estão  tremendo e estremecendo, levantar as mãos ou cobrir os olhos de medo de fantasmas e demônios correndo em direção a eles.”

 

A polícia suspendeu seus shows temporariamente, acreditando que Robertson seria capaz de trazer Luís XVI de volta, e depois de um tempo voltou a encenar novamente, mas um de seus ex assistentes montou outro show, mostrando as técnicas usadas na “Phantamasgorie”, ação que o forçou a desvendar os truques ao público, expandindo a técnica por toda a Europa e EUA, e mais tarde, em 1860, foi usado no invento de “Pepper’s Ghost”.

 

Iluminação Cênica Haloween
Huygens (1659) – Esboço para a produção de uma placa animada mostrando um esqueleto inspirado em Hans Holbein. Biblioteca da Universidade de Leiden
Outras curiosidades

A “Lanterna Mágica” foi o advento do cinema, mais tarde descobrem a técnica da fotografia, a persistência retiniana, e os irmão Lumière criam o primeiro filme, mas isso deixo para outras histórias.

Deixarei aqui uma curiosidade que achei na internet, um esboço do mecanismo Pepper´s Ghost num pequeno livro japonês (clique na imagem para levá-lo à pagina que encontrei o material), ao lado descreve como proceder com o mecanismo:

    1. A história requer alguma preparação.
    2. Você vai precisar de uma folha de vidro através do qual se pode ver claramente.
    3. O público não deve ser capaz de ver a folha de vidro.
    4. O público deve estar sentado por trás da folha de vidro.
    5. Use uma lanterna mágica para projetar uma imagem fantasma na folha de vidro.
Iluminação Cênica Haloween
Livro japonês sobre “Pepper´s Ghost” – por volta de 1880
 
OUTROS INSTRUMENTOS DE MOVIMENTO
THAUMATROPE

O “Thaumatrópio” (vem do grego e quer dizer algo como “Giro Fantástico”)  é um disco com ambos lados desenhados com imagem que permanecem sobrepostas, e quando girado tem a noção de terceira dimensão, rapidamente tornou-se um brinquedo na época.

Os primeiros exemplos vinham com imagens de pássaros, flores, trocadilhos de palavras.

Eu comparo esses movimentos a mesma técnica usada no laser, tamanha é a velocidade que gira, que o olho humano “enxerga” somente a formação de uma imagem na retina (olha mais um princípio do cinema 35mm).

 

 
“PHENAKISTOSCOPE”

O “Phenakistoscope” tem como signifaco algo como “Visão do eixo”, am algumas traduções poderá encontrar como “Visão que engana”, bem meu grego é péssimo, mas ambos tem a idéia exata do funcionamento deste aparelho, em torno de um único eixo, duas rodas, a primeira era fixa em com pequenos recortes nas bordas, ou orifícios, conseguia-se ver a outra roda, que continha desenhos numa sequência, e girando-a, era possível ter a impressão de movimento.

Este mecanismo ainda é usado nos aparelhos de projeção de efeitos para teatro, para fazer foco, água, nuvem em movimento; também é encontrado em algumas movings lights que também tem esse efeito.

 
 
“ZOETROPE”

O “Zoetrope, ou Zootrópio,” também derivado do grego, pode ser traduzido como “Roda da vida”, é um dispositivo que através de uma sucessão de imagens estáticas, é possível criar a ilusão de movimento girando-as por un único eixo, percebam que é o mesmo princípio do “phenakistocope”, mas de forma cilíndrica, e a visão também é feita através das fendas.

Assim como  o “phenakistocope”, as fendas causam uma confusão para o visualizador, e ocorre a ação de movimento; pronto, estamos mais próximos do que seria o nosso filme em movimento.

 

 

Especial Iluminação Cênica e Pré-Cinema, links de auxilio

Vídeo sobre a história da lanterna mágica:

 

 

 

Links de pesquisa sobre os assuntos:

capa: http://www.elenafrascaodorizzi.it/artheablog/la-fantasmagoria-e-le-lanterne-della-paura/

http://www.galanteeshow.be/index1.htm

http://en.wikipedia.org/wiki/Phantasmagoria

https://cineimaginario.wordpress.com/2014/09/25/lanternas-magicas/ (neste link existem 12 páginas disponíveis com fotos, animações, história, livros e links, vale a pena)

https://cineimaginario.wordpress.com/2014/09/25/lanternas-magicas/ http://animacionartesvisuales.blogspot.com.br/?view=timeslide

 

…  “Iluminação cênica e o pré-cinema” é uma trilogia, com pesquisa livre, sobre o período “Phantasmagorie” que faz parte de um pesquisa que possuo sobre a história da iluminação cênica vista pelos ângulos da antropologia, filosofia e psicologia com um aporte na história das artes em geral com o objetivo de demonstrar como a luz e a iluminação interferem em diversos campos dos acontecimentos em nosso mundo e cria a história conjuntamente com a sociedade …

 

… continua no post “Iluminação cênica e o pré-cinema” – os fantasmas nos divertem – parte 3/3 ….

 

OBSERVAÇÃO: Para que não ocorram confusões futuras e caso algum artista mencionado nesta série especial sinta-se incomodado com o post, peço a gentileza de entrar em contato comigo através de meus canais digitais, grato.

 

Brindes especiais do post

Saiba mais no maior canal sobre Iluminação Cênica do Brasil, inscreva-se GRÁTIS agora mesmo aqui.

Agora poderá ouvir o Podcast do “Cartilha de Iluminação Cênica”, ouça no link abaixo:

BORA ILUMINAR O MUNDO!!!


 

Iluminação Cênica Alessandro Azuos

 

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